Vampira

Oscilar, pular, acordar feliz, descer da cama e não ver um sentido para nada. Esta sou eu sem medicação...preciso tomá-la, eu sei.
Sou uma Vampira, sedenta por barulhos, jogar coisas, quebrar coisas, gritar, sentar sozinha no boxe, deixar a água cair, tudo isso é ser bipolar.
Na terapia, que estou amando, lembro das palavras da minha terapeuta e tento me acalmar, o tempo não me acalma, ele me dilacera.
O telefone não toca, ninguém me liga, algo aconteceu, andando pela rua, vejo um mendigo beber água da rua, vejo outra mulher falando sozinha, vejo essas pessoas e não posso fazer nada, deito na minha cama macia, a bipolaridade por todos os lados, os dois pólos, pessoas dormindo em suas camas macias, água do filtro, água suja da rua.
A pergunta da minha terapeuta bate aos meus ouvidos, como andar no meio termo, como estar no meio, como encontrar a paz.
Não consigo produzir, não consigo pensar, meus dentes, minha língua, minha boca proferem veneno, estou pronta para desferir o golpe, no final contra mim mesma.
Sou uma vampira, nunca tive vocação para anjo.
Estamos no Dia dos Mortos, eu estou viva, Pólos, por todos lados, sempre me cobrando, sempre buscando, sou capaz de escrever de olhos fechados, sou capaz de cantar, sou capaz de tudo e termino num nada, ouvindo o silêncio nesta casa quebrado pelo meus dedos no teclado,
Converso com alguém no messenger, conversas banais, conversa de passarinho.
A mulher dormirá na rua, o homem que bebeu a água, agora se despe, ultrajante defeca no meio da rua, sai dele tudo de podre.
Ele cai, adormece ali, tenho vontade de cobri-lo com minha manta quente.
São os dois pólos, volto para casa, sento no sofá e vivo a vida de quem finge não ser bipolar.

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