E não é tudo tem seu lado bom ?


4.20hs da manhã apenas eu e meu gato acordados, eu sem enxergar, o gato sem falar portugues, gatos não discam para farnácias...não sei como consigo o Xarope 44 E de Vick, estou imaginando que 44 E significa as 44 vezes que vc vai dizer ARGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG depois de tomar.

O rapazote da farmácia chega, não me lembro os trajes que eu usei para pagar o remédio, eu e Frajola olhamos um para a focinho do outro, não temos MONEY, mexo no meu marido, pego 20 reais da carteira, avisei para ele exatamente assim : ESTOU MORRENDO E VOU FUGIR COM 20 REAIS. reação zero...

Ahhhhhhhhhh o lado bom...ligar a TV e em um programa estar passando esta delicadeza da vida : http://www.jeanetmarie.com.br/, este lugar, este site, este encontro, vejam e me falem,

Pensei de repente que toda a minha gripe e minha necessidade do xarope foi o caminho para ver tamanha delicadeza e força do ser humano em transformar, tudo em belo, basta querer.

Vampira

Oscilar, pular, acordar feliz, descer da cama e não ver um sentido para nada. Esta sou eu sem medicação...preciso tomá-la, eu sei.
Sou uma Vampira, sedenta por barulhos, jogar coisas, quebrar coisas, gritar, sentar sozinha no boxe, deixar a água cair, tudo isso é ser bipolar.
Na terapia, que estou amando, lembro das palavras da minha terapeuta e tento me acalmar, o tempo não me acalma, ele me dilacera.
O telefone não toca, ninguém me liga, algo aconteceu, andando pela rua, vejo um mendigo beber água da rua, vejo outra mulher falando sozinha, vejo essas pessoas e não posso fazer nada, deito na minha cama macia, a bipolaridade por todos os lados, os dois pólos, pessoas dormindo em suas camas macias, água do filtro, água suja da rua.
A pergunta da minha terapeuta bate aos meus ouvidos, como andar no meio termo, como estar no meio, como encontrar a paz.
Não consigo produzir, não consigo pensar, meus dentes, minha língua, minha boca proferem veneno, estou pronta para desferir o golpe, no final contra mim mesma.
Sou uma vampira, nunca tive vocação para anjo.
Estamos no Dia dos Mortos, eu estou viva, Pólos, por todos lados, sempre me cobrando, sempre buscando, sou capaz de escrever de olhos fechados, sou capaz de cantar, sou capaz de tudo e termino num nada, ouvindo o silêncio nesta casa quebrado pelo meus dedos no teclado,
Converso com alguém no messenger, conversas banais, conversa de passarinho.
A mulher dormirá na rua, o homem que bebeu a água, agora se despe, ultrajante defeca no meio da rua, sai dele tudo de podre.
Ele cai, adormece ali, tenho vontade de cobri-lo com minha manta quente.
São os dois pólos, volto para casa, sento no sofá e vivo a vida de quem finge não ser bipolar.