Única vantagem : nunca me disfarcei de anjo, nunca me fiz de anjo, nunca ninguém olhou para mim e disse que eu tinha cara de anjo, nunca recebi uma cantada do topo : machucou? Pq vc só pode ter caído céu.
Enquanto eu observava as formigas que teimam em me fazer companhia na minha mesa do escritório, eu matei algumas, esmaguei com meu dedo polegar e pensei: uma pessoa boazinha não faria isso, deixaria as pobres das formiguinhas vivas.
Eu nunca fui boazinha, desde pequena, era daquelas crianças terríveis, daquelas que os tios torcem o nariz quando a pequena criança entra na casa dos avós.
Nunca mais me esqueço da cara de espanto quando encontrei a diretora da minha escola primária numa festa, eu estava bem arrumada, já formada, fazendo MBA e ela quase me perguntou se eu estava numa espécie de indulto de natal ou em condicional, regime semi aberto...
É, de alguma forma, eu superei as expectativas sobre mim, mas se o ambiente que vivemos não nos molda, pq os estigmas colocados em nós, não nos abandonam?
Eu li nesta semana na VEJA, algo que me deixou perplexa tamanha sinceridade e dor, de alguém que escreve : “ Meus pais me perdoaram por eu ter nascido, eu não”, a autora desta frase é Clarice Lispector, do pouco que se sabe, a mãe ucraniana teria sido estuprada e espancada, ficou paraplégica , numa crença cultural, imaginava-se que consumar a gravidez poderia curar a mãe, não curou, e Clarice levou consigo uma marca que se tivesse talhada em fogo em seu corpo não doeria tanto.
Comigo, o fato da minha irmã gêmea ter morrido no parto e minha mãe ter ficado com sérias seqüelas e o destino ter me feito nascer no dia que meus bisavòs foram assinados, marcou não a fogo, mas marcou.
Sou vaso ruim, não quebro.
“Os bons morrem cedo”, disse Renato Russo, eu acredito nisso, todas as pessoas queridas, com uma áurea que não sabemos explicar, já se foram.
Julguem me, falem, mas sintam-se vingados.O diabo é um anjo caído e ele nunca se levanta
Enquanto eu observava as formigas que teimam em me fazer companhia na minha mesa do escritório, eu matei algumas, esmaguei com meu dedo polegar e pensei: uma pessoa boazinha não faria isso, deixaria as pobres das formiguinhas vivas.
Eu nunca fui boazinha, desde pequena, era daquelas crianças terríveis, daquelas que os tios torcem o nariz quando a pequena criança entra na casa dos avós.
Nunca mais me esqueço da cara de espanto quando encontrei a diretora da minha escola primária numa festa, eu estava bem arrumada, já formada, fazendo MBA e ela quase me perguntou se eu estava numa espécie de indulto de natal ou em condicional, regime semi aberto...
É, de alguma forma, eu superei as expectativas sobre mim, mas se o ambiente que vivemos não nos molda, pq os estigmas colocados em nós, não nos abandonam?
Eu li nesta semana na VEJA, algo que me deixou perplexa tamanha sinceridade e dor, de alguém que escreve : “ Meus pais me perdoaram por eu ter nascido, eu não”, a autora desta frase é Clarice Lispector, do pouco que se sabe, a mãe ucraniana teria sido estuprada e espancada, ficou paraplégica , numa crença cultural, imaginava-se que consumar a gravidez poderia curar a mãe, não curou, e Clarice levou consigo uma marca que se tivesse talhada em fogo em seu corpo não doeria tanto.
Comigo, o fato da minha irmã gêmea ter morrido no parto e minha mãe ter ficado com sérias seqüelas e o destino ter me feito nascer no dia que meus bisavòs foram assinados, marcou não a fogo, mas marcou.
Sou vaso ruim, não quebro.
“Os bons morrem cedo”, disse Renato Russo, eu acredito nisso, todas as pessoas queridas, com uma áurea que não sabemos explicar, já se foram.
Julguem me, falem, mas sintam-se vingados.O diabo é um anjo caído e ele nunca se levanta
Figura do post : Quadro Medo de Clarice Lispector
