Eu queria não ter assunto...


Ontem eu lembrei do blog, pensei : - bahhh a vida anda tão maré mansinha comigo ( apesar dos meus ataques bipolares) que pensei nem tenho nada para postar...queria não continuar tendo, infelizmente, uma pessoa muita amada e querida que trabalhou nos "Tostines Freire", como eu gosto de chamar carinhosamente, estava no vôo da Air France, desaparecido. Além de ter trabalhado e ter sido meu colega e incentivador na obra e mudança da Unidade do Rio do Rio Janeiro, é (me recuso a escrever era) marido da nossa colega de Tostines, Bruna.

A Bruna é uma flor, em sua delicadeza e fragilidade...meu coração bate acelerado, opressivo, descompassado quando penso na sua dor e na da dor dos familiares.

Hoje me falaram diversas daquelas frases, tão clichês do tipo : "Vida que segue", "Têm mais gente morrendo no trânsito todos os dias" ou "É a vida"...mas que tipo de afirmação é essa, que não serve para nada, que não alivia o sofrimento, simplesmente constata algo inexplicável.

E eu me considero uma pessoa religiosa, mas fico pensando será que Deus faz uma conta mensal de cota de almas que ele precisa no céu ? aí na virada do mês, Ele decide que para fechar o mês ou iniciar bem o mês, joga um raio num avião....não entendo...católicos, budistas, espirítas...nesse momento eu só penso : porque?

Amanhã certamente estarei mais conformada...mas não consigo pensar em olhar nos olhos na Bruna quando ela voltar para empresa, eu sei, sou uma covarde, não nego...uma menina, casado com seu amado há apenas 4 anos, felizes, sexta eu os vi no Tostines, sexta...tão ali, se tivesse como congelar a vida, o momento, o agora...

Sou covarde...sinto um medo que gela as mãos de perder os que eu amo, talvez quem esteja lendo me diga que isso é Apego, pode ser...também não nego.

Não importa, enquanto a minha vida ordinariamente segue, de modo tão tranquilo quanto um mar calmo, vidas se perderam num mar revolto, frio, silencioso.

Como diz minha mãe, que o manto de Nossa Senhora cubra a minha amiga, os familiares e todos aqueles que estavam no vôo e que eu possa compreender o que ainda não entendo.