Eu sei quem você é

Eu conheço vc, e por conhecer vc eu me sinto segura.
Eu sei o seu melhor e o seu pior.
Eu falo de vc em quase todas as minhas seções de terapia.
Eu vivi vc.
Eu confiei em vc.
Eu matei vc.
Eu morri em vc.
Eu luto com vc.
Eu sempre venço vc.
Eu perco vc.
Eu encontro vc.
Algo está diferente.
Eu sou mãe agora.
Eu sou uma leoa.
Eu defendo vc para vc defender a sua cria.
Eu aceito vc pq vc precisa estar inteira.
Eu entendo vc pq entendi de onde vc veio.
Eu entendi que sim, sua mãe te ama incondicionalmente e não importa o que ela tenha feito de errado, ela tentava acertar.
Eu finalmente sigo em frente.
Eu finalmente deixo o passado.
Eu assumo.
Eu errei.
Eu, sim, tomo medicação todos os dias, todas as noites.
E quanto a vc que pensa que me ameaça sorrateiramente em mensagens anônimas, eu desconheço vc, eu desprezo vc, eu não odeio vc, eu perdoo vc, eu lamento por vc, eu, nada, vc.
É isso aí, o blog está de volta, Cinderela mais bipolar do que nunca.

Drama Queen


Há muito tempo atrás eu li no livro Ilusões do Richard Bach, que nossa vida é como um filme em cartaz no cinema, quando escolhemos ver um filme, nós sabemos de antemão ou temos uma breve idéia do que se trata, mais ou menos como a sinopse à nossa disposição no controle da tv a cabo.

Eu posso dizer que isso se aplica a quase tudo na nossa vida, aos relacionamentos, na escolha de um emprego, de um namorado mas não para filhos.

Nada na vida nos prepara para a rotina com um bebê, totalmente imprevísivel, a minha filha acorda diferente todos os dias, com um novo jeito de sorrir, descobrindo o pézinho, não querendo mais o colo, querendo pegar no sono sozinha no berço, nos sons que ela emite, é um ano novo todos os dias.

Hoje me peguei olhando para ela e pensando que um dia eu já fui um bebê, parece uma afirmação idiota mas nos esquecemos disto, eu já fui este serzinho maravilhoso e maravilhado com o mundo, este ser que acorda sorrindo no meio da noite com seus olhinhos a me fitar e apenas querendo meu colo, este ser que escaneia a alma da gente, que olha tudo repetidas vezes com o mesmo entusiasmo, que chora um choro sincero e puro, que dorme um sono cândido, que deita e dorme, não fica remoendo, não range os dentes, não sente um frio na espinha ao pensar nos arrependimentos da vida.

Eu já fui assim...já conservei a esperança, a certeza em mim de dias melhores.

Minha filha tão pequena e já me ensinando tantas lições, quero protegê-la, digo a ela a todo instante que o mundo é às vezes como ela, às vezes é como um adulto arrependido no meio da vida.

Uma vida não pode se pautar em arrependimentos, me pego pensando quando todo esse drama começou? com a perda precoce do meu pai? ou ainda antes com a perda ainda no meu nascimento da minha irmã gêmea? já fiz tanta terapia e ainda não tenho as respostas...

Lembro me da minha terapeuta em Porto Alegre, me dizendo da luz vermelha sobre nossas cabeças que deve piscar sempre antes de tomarmos uma decisão, a minha muitas vezes não piscou, ficou desligada um tempão e eu tomei decisões muito erradas...não posso voltar...só posso avançar e me tornar um exemplo para este ser que dorme no meio tarde em seu bercinho...

Me sinto como a Dama de Copas do livro o Dia do Coringa...uma carta como tantas outras no baralho da vida.