Mulheres Bem Resolvidas

Depois de um post tão pesado quanto de ontem, algo para relaxar!

Oração das mulheres bem resolvidas
Que o mar vire cerveja e os homens tira gosto,
Que a fonte nunca seque,
e Que a nossa sogra nunca se chame Esperança,porque Esperança é a última que morre...
Que os nossos homens nunca morram viúvos,
e que nosso filhos tenham pais ricos e mães gostosas!
Que Deus abençoe os homens bonitos,e os feios se tiver tempo...Deus...Eu vos peço sabedoria para entender um homem,amor para perdoá-lo e paciência pelos seus atos,porque Deus,se eu pedir força,eu bato nele até matá-lo.
Um brinde...Aos que temos,aos que tivemos e aos que teremos.
Um brinde também aos namorados que nos conquistaram,aos trouxas que nos perderam e aos sortudos que ainda vão nos conhecer!
Que sempre sobre,que nunca nos falte,e que a gente dê conta de todos!
Amém.

Não sou uma só

Decidi, algum tempo atrás, que evitaria escrever sobre o transtorno afetivo bipolar (TAB, a.k.a. psicose maníaco-depressiva), sobre as crises alternadas de depressão e euforia, efeitos colaterais do tratamento, yada yada yada.
[Respiro fundo.]
Vamos lá. O transtorno bipolar é uma doença que, como qualquer outra, precisa ser corretamente diagnosticada e tratada com medicamentos. É uma doença mental? É. O cérebro produz de forma atípica alguns neurotransmissores fundamentais para nossa saúde mental. O motivo? Ainda não se sabe com precisão. É genético? Os estudiosos entendem que sim. Pode incapacitar a pessoa de exercer suas atividades rotineiras? Quem sofre de TAB é retardado? Não.
Mas o pior de tudo é: não há cura para o TAB, apenas controle. Tal qual uma diabete, que precisa ser controlada com injeções de insulina.
Existe ainda um grande preconceito ou uma total ignorância sobre o que é o TAB e seus efeitos e sintomas, que podem ser devastadores. O paciente de TAB, se mal diagnosticado ou submetido a tratamentos incorretos, pode torrar todo o seu patrimônio em incríveis três semanas, trabalhar por 48 horas seguidas sem se cansar, emprestar as cuecas para o pior dos amigos ou, no outro extremo, ficar impossibilitado de trabalhar, parar de comer por dias e dias, não tomar banho por semanas, não falar com absolutamente ninguém, chorar até cansar e, falando um português bem claro, o paciente de TAB pode cometer suicídio.
Pois esclareço, e perdoem-me os leitores pelo o que será um desabafo, muitas pessoas que lêem meu blog vão se chocar com que estou escrevendo pois muitas pessoas desconhecem, infelizmente, o que é o TAB, a depressão crônica, a esquizofrenia, a síndrome do pânico, TOC – transtorno obsessivo compulsivo ou que enxergam uma certa beleza na afirmação de que "viver é sofrer", de Arthur Schopenhauer.
É COMPLICADO também sentir a solidão diária de quem precisa acordar forte todos os dias, porque uma crise pode nos tirar o emprego. É TRISTE o desalento de perceber que só vc, e mais ninguém, realmente sabe o que é uma crise de depressão severa, quando a dor de um corte profundo não é nada comparada ao desespero de querer sair daquela crise, da desesperança e da vontade de pular do 10º andar.
Será isso tudo condição para escrever como Faulkners, Hemingways, sem falar de Virginia Woolf, Tolstoy, Graham Greene, Ana Cristina Cesar? Não, definitivamente não. Todos eles e gênios como Van Gogh e Mozart sofriam de TAB. Não é necessário sentir uma profunda angústia por estar vivo para escrever sobre as dores de viver. Não é absolutamente necessário viver escrava das minhas oscilações bruscas de humor ou da minha estranha produção de neurotransmissores, para ver beleza no que é incerto e querer, sempre, dias mais densos.
Prefiro escrever posts medíocres e não publicar um conto genial ou um romance digno de nota. Prefiro não perder minha identidade recém recuperada, prefiro tomar mais aulas de otimismo. Prefiro trabalhar no que eu gosto com a regularidade que o mercado exige.
Prefiro sim, ser parte do establishment. Prefiro, mil vezes, amar as pessoas sem chocá-las com idas ao pronto socorro, com palavras mordazes e injustas típicas da fase maníaca.
Prefiro não morrer como Faulkner (morreu bêbado) ou Hemingway (cometeu suicídio).
Para quem enxerga “nobreza na embriaguez” e “perda de autonomia” com a medicação, eu continuo minha via crucis, aquela da coragem, para dizer “você não sabe nada, meu caro”.
E nem por isso eu sinto rancor de tantas outras pessoas que, ao ouvirem de minha boca "sou bipolar e não vivo sem medicação”, franzem a testa. Escrever bem é uma arte.
Controlar o que é aparentemente incontrolável é uma luta constante que, ao final, vale muito a pena. Posso dizer que entre mortos e feridos, cá estou, se vou sobreviver ao que estou passando hoje, só o amanhã poderá dizer.